Suspensão de vistos e análise de redes sociais geram críticas a governo dos EUA
Publicado em 28/05/2025 às 09:04

Foto: Freepik
O governo dos Estados Unidos suspendeu nesta terça-feira (27) a marcação de entrevistas para concessão de vistos a estudantes estrangeiros. A informação foi divulgada pelo site Politico, que teve o a um telegrama assinado pelo secretário de Estado, Marco Rubio.
A suspensão vale para todos os consulados e embaixadas norte-americanas, sem previsão de retomada. A medida afeta vistos concedidos a estrangeiros interessados em estudar nos EUA em universidades, instituições técnicas ou por meio de programas de intercâmbio.
As universidades Harvard e Yale anunciaram a interrupção das entrevistas com candidatos internacionais, o que afeta diretamente as issões previstas para o segundo semestre. Em Harvard, por exemplo, cerca de 27% dos alunos são estrangeiros. A suspensão prejudica estudantes já aprovados que ainda aguardam o visto para entrar no país.
Além do impacto acadêmico, a restrição pode gerar prejuízos financeiros para as instituições, que dependem das mensalidades pagas por estudantes internacionais.
Análise de redes sociais
Segundo o Politico, o governo Trump também estuda tornar obrigatória a análise do histórico de redes sociais de todos os solicitantes de visto estudantil. A proposta seria uma ampliação da Ordem Executiva 14161, assinada no início do segundo mandato, que já autoriza o uso de redes sociais para avaliar pedidos de residência, cidadania e asilo.
O novo plano prevê que o candidato informe os dados de uso das redes nos últimos cinco anos. De acordo com o governo, o objetivo é impedir a entrada de pessoas que representem risco à segurança nacional ou apoiem grupos extremistas.
Inteligência artificial e cancelamentos
Desde março, o Departamento de Estado vem aplicando o sistema “Catch and Revoke”, que utiliza inteligência artificial para monitorar publicações na internet. Em apenas três semanas, mais de 300 vistos de estudantes foram cancelados com base nessas análises.
Inicialmente, o foco foram estudantes que participaram de protestos contra a atuação de Israel na Faixa de Gaza. Agora, o governo pretende ampliar a verificação para todos os solicitantes.
Retaliação contra Harvard
Na última quinta-feira (22), dias antes da suspensão geral, o governo dos EUA revogou a autorização da Universidade Harvard para matricular novos alunos estrangeiros. A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, justificou a medida afirmando que a instituição estaria descumprindo leis federais e promovendo o antissemitismo.
Harvard considerou a decisão ilegal e ingressou com uma ação judicial. Na sexta-feira (23), a juíza federal Allison Burroughs suspendeu temporariamente a medida, permitindo a permanência dos alunos até uma nova audiência, marcada para esta quinta-feira (29).
A universidade argumenta que a decisão do governo viola a Primeira Emenda da Constituição dos EUA e ameaça a continuidade de suas atividades acadêmicas. Harvard reúne estudantes de mais de 140 países, incluindo a princesa Elisabeth da Bélgica, que cursa mestrado na instituição.
Cancelamentos anteriores
Em abril, o governo já havia cancelado 1.556 vistos de estudantes estrangeiros, parte deles relacionada à participação em manifestações e a infrações menores, como multas de trânsito. Após contestação judicial, o governo anunciou uma revisão do sistema, mas ainda não apresentou novas diretrizes.
Até o momento, a Casa Branca não se pronunciou oficialmente sobre a suspensão das entrevistas nem sobre a proposta de monitoramento de redes sociais.