POMERANA

Coluna Pomerana

A sociedade rural pomerana

Publicado em 17/06/2019 às 17:23

Compartilhe

Dos imigrantes pomeranos que chegaram ao Brasil, na medida do possível foram se fixando nos seus prazos, como eram chamadas as suas propriedades. Portanto, tanto na Europa como aqui, sempre foram agricultores. Mas, ao lado da sua atividade agrícola, que, aos poucos, estava se consolidando, outras atividades profissionais também foram se tornando necessárias.

 

Assim, por exemplo, trabalhos não vinculados diretamente às lidas do campo, porém indispensáveis à economia da colônia, como o abate de animais, o preparo do pão ou mesmo a confecção de roupas, foram sendo incorporados ao dia a dia das próprias famílias dos agricultores.

Com o ar dos anos, cada vez mais, esses trabalhadores do campo também aram a depender de um meio de transporte, seja para a comercialização da sua produção, seja também para a sua própria locomoção. Dessa forma, ados os primeiros cinquenta anos da chegada dos imigrantes, praticamente todas as famílias já tinham o seu cavalo, a sua vaca de leite e a sua criação de aves domésticas. Ao mesmo tempo, a selaria se tornou essencial para o fornecimento de órios para a montaria. Foi necessário que ferreiros preparassem ferros para os animais de montaria. Na prática, cada localidade precisava de profissionais com essas habilidades.

 

A comercialização de calçados, durante os primeiros cinquenta anos, foi muito pequena, pois a grande maioria dos colonos continuava trabalhando descalço, apesar de utilizarem algum tipo de calçado nos seus encontros domingueiro. Os produtos importados tinham preços proibitivos e isso fez com que botinas, chinelos ou mesmo tamancos fossem confeccionados pelos sapateiros das próprias comunidades.

Até mesmo os móveis encontrados nas casas dos colonos costumavam ser “fabricados” em casa por algum marceneiro da região, até porque toda a mobília mais sofisticada precisava ser importada, o que tornava sua aquisição proibitiva. Os marceneiros improvisados, que tinham o dom de trabalhar com madeiras, deslocavam-se para as casas dos “clientes” onde confeccionavam móveis ou esquadrias. Da mesma forma, uma ou outra pequena destilaria de aguardente ou cervejaria doméstica podia ser encontrada. Essa situação, na maioria das regiões, pouco mudou até a metade do século XX.

A consolidação desse um padrão da vida dos imigrantes pomeranos frente às novas exigências, também decorrentes da sua alta prolificidade, fez com que os integrantes das famílias assem por um importante processo de ajuste. Assim, começando com as crianças, estas, quando não estudavam, já aos oito ou nove anos de idade, tinham suas incumbências dentro da economia familiar. A sua participação no trabalho na lavoura, com suas pequenas ferramentas, preparava-os para uma futura vida profissional de adulto, ao mesmo tempo em que essa sua participação representava um adicional na força de trabalho do grupo familiar. Em outras situações, não poucas vezes, crianças de nove ou dez anos permaneciam em casas de parentes ou conhecidos para auxiliarem no cuidado de outras crianças menores. Ninguém sequer pensava que isso pudesse representar algum tipo de exploração de menores. Entretanto, havia bocas por serem alimentadas e era preciso subsistir. A remuneração em geral costumava ser feita por meio do fornecimento da alimentação e de eventuais presentes na forma de “cortes” de tecidos para confecção de peças de roupa.

Não raras vezes, adolescentes, sem possibilidade de frequentarem escolas, avam o dia ao lado dos pais, capinando o cafezal e, ao entardecer, quando possível aprendiam, com os próprios pais, alguns rudimentos de escrita ou de matemática. Sempre havia um ou outro pai, visualizando um futuro melhor para o seu filho, que conseguia enviar alguns dos seus muitos filhos para um trabalho na casa de um comerciante ou até para a casa do pastor da comunidade. Essa nova experiência lhes permitiu visualizar novos horizontes e novas oportunidades de trabalho ou de estudos.

E foi dessa forma que, aos poucos, um ou outro filho de agricultor pomerano conseguiu “fugir” do trabalho árduo no campo para encontrar um novo caminho nas cidades mais próximas. Teve início aqui uma nova fase na vida da população rural pomerana que, mais tarde, ficou conhecida como êxodo rural da população pomerana.

Veja também

Conilon-Luiz-Claudio-de-Souza-Cafesul-Muqui-ES-1-1024x683

O Governo Federal libera mais de R$ 7 bilhões para fomentar o desenvolvimento do setor cafeeiro

Capa Seger

Espírito Santo conquista 13 prêmios no Conexão Inova 2025 e se firma como referência em inovação pública no Brasil

Seminario queijos (1)

Vitória sedia o I Seminário de Queijos Especiais com foco em capacitação e valorização da produção artesanal

Captura de tela 2025-06-09 111718

Espírito Santo é destaque na primeira edição do evento “Azul Tá On na Estrada”

Regional-1357 (1)

Jogos Escolares do Espírito Santo finalizam fase regional das modalidades coletivas

Imagem do WhatsApp de 2025-06-09 à(s) 14.12.38_9fd92865

Morre herdeiro da Viação Itapemirim e será sepultado em Venda Nova do Imigrante

5e934c40-b2f2-47ef-87dd-128f4164dc24-1

Polícia Civil apreende drogas e prende suspeito durante diligências da Operação Dominó em Afonso Cláudio

coluna-vida-saudavel

Você faz tudo certo e não emagrece? O problema pode estar no seu intestino

Últimos artigos de Coluna Pomerana

Relatos, Memórias e Retratos da nossa história – Parte I

Como as mulheres se vestiam no século XIX

Comunidades livres e escolas pomeranas – Parte II

Os pastores, as comunidades livres e as escolas pomeranas em São Lourenço do Sul – Parte I

Vila Neitzel: a maior comunidade pomerana de Minas Gerais