Caso Rayane Berger: Família viveu “um velório a cada adiamento”, diz advogada da acusação às vésperas do julgamento

Publicado em 20/05/2025 às 17:16

Compartilhe

Imagem do WhatsApp de 2025-05-20 à(s) 16.59.47_38c7c595 1

Texto: Bruno Caetano/ Foto: Divulgação

O Tribunal do Júri referente ao caso de Rayane Luiza Berger está marcado para esta quarta-feira (21), às 8 horas, no novo Fórum Criminal de Vitória. O médico Celso Luís Ramos Sampaio será julgado pela morte da companheira, a pedagoga e miss pomerana Rayane Luiza Berger, assassinada em junho de 2015 na zona rural de Santa Maria de Jetibá.

A Promotoria de Justiça Criminal de Vitória atua pela condenação do acusado por homicídio triplamente qualificado: motivo fútil, recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio.

A sessão ocorrerá em Vitória, conforme decisão do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES). A defesa solicitou a transferência alegando falta de segurança e possível parcialidade dos jurados em Santa Maria de Jetibá, onde o crime teve grande repercussão e comoção pública.

Além disso, inicialmente marcada para 13 de março, foi suspensa após a defesa obter liminar alegando ausência de mídias no processo, que, segundo a acusação, estão presentes nos autos há mais de oito anos. 

“Cada adiamento foi um velório”, diz advogada da acusação

Neiva Costa de Farias, representante da assistente de acusação Clarice Berger, mãe da vítima, relata que os familiares viveram anos de angústia a cada suspensão da audiência. Para ela, a lentidão do processo e as manobras da defesa causaram sofrimento contínuo.

“Desde o início do caso, em 2015, ando pelo seu encerramento formal em 2017, os sucessivos atrasos abalaram profundamente a família”, afirma Neiva. Segundo ela, os parentes superaram o limite da indignação e aram a conviver com uma sensação de impunidade, embora acreditem que o acusado será finalmente julgado.

Mãe da vítima teve participação ativa na investigação

De acordo com a advogada, Clarice Berger desempenhou papel decisivo na coleta de provas. “Foi ela quem buscou imagens de câmeras de segurança e ouviu testemunhas que comprovaram a movimentação do suspeito na noite do crime”, destaca Neiva. Segundo ela, Clarice foi incansável na busca por elementos que fortaleceram o processo.

Acusação vê tentativas de adiamento e manobras da defesa

Recentemente, a defesa solicitou a juntada de uma simulação em 3D dos fatos, uma medida que, segundo a assistente de acusação, visa apenas mais um atraso. “Essa produção de prova deveria ter sido feita ainda em 2018. Agora, às vésperas do júri, isso é claramente uma tentativa protelatória”, explicou a advogada.

De acordo com Neiva, o pedido foi impugnado porque, segundo o procedimento do processo no Tribunal do Júri, o prazo para juntada já havia expirado.

Ministério Público sustenta provas desde o início

A acusação defende que as evidências contra Celso são sólidas e estão presentes desde a fase investigativa. Depoimentos, laudos técnicos e perícias indicam que Rayane foi dopada com midazolam e sofreu uma lesão na nuca semelhante a um corte feito com bisturi.

O réu alegou que estava de plantão no hospital, mas testemunhas afirmam que ele desapareceu entre 19h e 21h no dia do crime. Imagens das câmeras de segurança mostram Celso circulando pelas ruas e retornando ao hospital apenas após as 21h. A promotoria afirma que o álibi apresentado foi desmontado ainda na fase de instrução.

Para a acusação, Celso foi a última pessoa vista com Rayane e tentou forjar um acidente ao submergir o carro com o corpo da vítima em um rio. Apesar dos entraves, o Ministério Público afirmou estar preparado para apresentar aos jurados todas as provas reunidas, com o objetivo de garantir justiça à memória de Rayane Berger.

Entenda o caso Rayane Berger

Rayane Luiza Berger foi encontrada morta no dia 7 de junho de 2015, em um carro submerso em um rio próximo ao distrito de Alto Rio Posmosser, na zona rural de Santa Maria de Jetibá. Inicialmente tratado como acidente, o caso foi posteriormente identificado como homicídio premeditado.

De acordo com as investigações, o médico Celso Luís Ramos Sampaio teria dopado Rayane com um medicamento de uso controlado, golpeado sua nuca com um objeto contundente e, em seguida, colocado seu corpo no veículo para simular um acidente automobilístico. O local do descarte do corpo foi escolhido previamente pelo réu, que também visitou bares e restaurantes na tentativa de construir um álibi. Imagens de câmeras de segurança ajudaram a polícia a montar a cronologia dos acontecimentos.

O relacionamento entre a vítima e o acusado era conturbado, com relatos de separações e reconciliações frequentes. O MPES alega que uma das traições teria motivado Celso a planejar e executar o crime. A mãe de Rayane divulgou um vídeo nas redes sociais em que clama por justiça. “Cheia de vida, cheia de amor e sonhos”, diz Clarice Berger, ao descrever a filha Rayane.

Veja também

futebol infantil

Domingos Martins recebe neste domingo torneio de futebol infantil

PMAE

Sesa realiza oficina para implementação do Programa Mais o a Especialistas (PMAE)

azeite-de-oliva

Governo alerta para marcas de azeite de oliva impróprias para consumo

drones agrículas

Uso de drones agrícolas cresce no Brasil após regulamentação

Lutadores capixabas

Lutadores do Espírito Santo buscam títulos no Brasileiro de Wrestling U15

Waste water treatment ponds from industrial plants

ARSP abre Consulta Pública sobre reajuste das tarifas de água e esgoto da Cesan

20240808_103637

Começa a temporada 2025 dos concursos de qualidade do café no Espírito Santo

2148285998

Mapa alerta para fraude em azeites de oliva e determina retirada de marcas do mercado