Efeito Trump impulsiona retrocessos globais em direitos humanos, aponta Anistia Internacional

Publicado em 30/04/2025 às 09:34

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Foto: White House

Durante as celebrações dos 100 dias de governo do presidente Donald Trump, a Anistia Internacional divulgou um relatório alarmante: as ações e campanhas promovidas pelo líder norte-americano têm violado direitos humanos e colocado bilhões de pessoas em risco ao redor do mundo.

O documento, apresentado nesta terça-feira (29), aponta que o chamado “Efeito Trump” influenciou outros líderes globais ao longo de 2024, acelerando práticas autoritárias e provocando retrocessos na promoção dos direitos humanos.

“A eleição de Donald Trump, marcada por uma forte captura corporativa do governo, nos empurra para uma era brutal, na qual o poder militar e econômico se sobrepõe aos direitos humanos e à diplomacia. Hierarquias raciais e de gênero moldam as políticas, enquanto o nacionalismo niilista rege as relações internacionais”, afirma o relatório O Estado dos Direitos Humanos no Mundo.

Entre os impactos do governo Trump destacados pela Anistia Internacional estão o aumento da repressão a dissidências políticas, a escalada de conflitos armados, a ineficácia no combate à crise climática e a reação crescente contra os direitos de migrantes, refugiados, mulheres, meninas e pessoas LGBTQIA+.

“Precisamos enfrentar as falhas sistêmicas do sistema internacional de proteção aos direitos humanos. Atualmente, lidamos com forças reenergizadas que tentam impor um novo sistema: não um modelo mais justo, mas um sistema desprovido de proteções e voltado ao lucro, em detrimento da justiça”, alertou Agnès Callamard, secretária-geral da Anistia Internacional.

Genocídio transmitido ao vivo
O relatório também traz análises sobre guerras e conflitos armados. Em relação à Faixa de Gaza, a Anistia acusa Israel de cometer genocídio contra palestinos, transmitido em tempo real para o mundo.

“Desde 7 de outubro de 2023, quando o Hamas cometeu crimes contra civis israelenses e sequestrou mais de 250 reféns, o mundo assiste a um genocídio transmitido ao vivo”, aponta o documento.

Segundo a Anistia, as ações de Israel em Gaza tiveram um impacto devastador sobre a população civil palestina, configurando genocídio. Na Cisjordânia ocupada, o relatório denuncia o agravamento da violência, incluindo detenções arbitrárias, assassinatos ilegais e ataques de colonos israelenses, com apoio do Estado.

Os Estados Unidos também são responsabilizados, por seu apoio ir a Israel. “Enquanto Israel exterminava milhares de palestinos, destruía famílias inteiras e arrasava hospitais e escolas, os Estados Unidos assistiram, inertes”, acusa a organização.

Brasil entre os países mais perigosos para defensores de direitos humanos
O Brasil também é citado no relatório como o segundo país mais perigoso do mundo para defensores dos direitos à terra e ao território, especialmente indígenas, segundo a Global Witness.

Em 2023, a Colômbia liderou o número de assassinatos de defensores ambientais (79 mortes), seguida pelo Brasil (25), México (18) e Honduras (18).

O relatório ainda aponta que no Brasil persiste a impunidade nas violações de direitos humanos cometidas por agentes do Estado. De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, entre 2013 e 2023, os homicídios cometidos pela polícia cresceram 188,9%, somando 6.393 mortes em 2023. A maioria das vítimas era composta por jovens negros — 82,7% dos casos envolviam pessoas negras e 71,7% eram jovens.

Casos emblemáticos, como os assassinatos de Johnatha Oliveira (2014) e João Pedro Mattos (2020) no Rio de Janeiro, ilustram a ausência de responsabilização de agentes do Estado.

Relatório Global 2025
A edição de 2025 do relatório O Estado dos Direitos Humanos no Mundo analisa tendências nacionais, regionais e globais em 150 países, documentando as principais violações ocorridas ao longo de 2024.

A Anistia Internacional, movimento global presente em mais de 150 países e composto por cerca de 10 milhões de pessoas, atua na promoção, respeito e proteção dos direitos humanos. O relatório completo está disponível online.

Fonte: Mariana Tokarnia – Repórter da Agência Brasil

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