Israel ordena interceptação de barco com ativistas rumo à Faixa de Gaza

Foto: gazafreedomflotilla/Instagram

O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, ordenou neste domingo (8) que o Exército intercepte o barco Madeleine, que transporta ativistas internacionais com destino à Faixa de Gaza para levar alimentos e medicamentos. Entre os ageiros está a sueca Greta Thunberg, conhecida por sua atuação ambiental, que integra a missão organizada pela coalizão pró-Palestina Flotilha da Liberdade.

“Ordenei que o Exército impeça a chegada do Madeleine a Gaza”, declarou Katz. “À antissemita Greta e seus propagadores da propaganda do Hamas, deixo claro: é melhor voltarem atrás, porque não chegarão a Gaza”, completou o ministro em nota oficial.

Segundo a imprensa israelense, o plano é interceptar o barco antes de sua aproximação da costa de Gaza e conduzi-lo até o porto de Ashdod. Os tripulantes deverão ser deportados.

A embarcação, de bandeira britânica, partiu da Itália no dia 6 de junho, transportando uma carga simbólica de ajuda humanitária. Ela se encontra a cerca de 160 milhas náuticas da costa palestina.

Entre os 12 tripulantes estão o brasileiro Thiago Ávila, ativista internacionalista e ambientalista, e o ator irlandês Liam Cunningham. Em vídeo nas redes sociais, Ávila afirmou que o grupo navega em águas internacionais e segue rumo ao território marítimo palestino, onde, segundo ele, Israel não possui jurisdição. “Katz está itindo que planeja cometer um crime de guerra”, declarou.

Ávila também citou resoluções da Corte Internacional de Justiça e do Conselho de Segurança da ONU que, segundo ele, impedem Israel de bloquear a entrada de ajuda humanitária em Gaza. “Os ilegais aqui são eles, que cometem crimes de guerra contra o povo palestino há décadas”, afirmou. “Não temos medo do ministro da Defesa. O mundo está conosco. O que Israel tem são apenas armas, bombas, violência e ódio”, completou.

Essa é a segunda tentativa da coalizão de alcançar Gaza. Anteriormente, o barco Consciência foi atingido por drones perto das águas de Malta. O grupo exige uma investigação internacional sobre o ataque.

Conflito em Gaza

A atual guerra entre Israel e o Hamas começou em outubro de 2023, após um ataque do grupo islâmico que matou cerca de 1,2 mil israelenses e fez 251 reféns. Desde então, mais de 54 mil palestinos morreram na ofensiva israelense — cerca de 70% são mulheres e crianças. Grande parte do território de Gaza foi destruído.

A ONU alerta para a crise humanitária no enclave, onde 2,3 milhões de habitantes enfrentam fome por conta do bloqueio imposto por Israel à entrada de ajuda. O governo israelense afirma que o cerco é necessário para impedir o fornecimento de armas ao Hamas.

Além disso, Israel autorizou a construção de 22 novos assentamentos na Cisjordânia, onde já vivem cerca de 700 mil colonos israelenses. A comunidade internacional considera esses assentamentos ilegais.

Do lado palestino, o principal negociador do Hamas, Khalil al-Hayya, declarou que o grupo está disposto a entregar o controle de Gaza a uma autoridade palestina consensual, caso Israel encerre sua ofensiva militar.

Nesta semana, os Estados Unidos vetaram uma resolução no Conselho de Segurança da ONU que propunha um cessar-fogo imediato e permanente em Gaza. Os demais 14 membros do colegiado votaram a favor da medida.

Fonte: Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil