Médico é condenado a 27 anos e nove meses por feminicídio de Rayane Berger
Publicado em 22/05/2025 às 08:12

Texto: Bruno Caetano/ Foto: Divulgação
Após quase dez anos de espera marcada por dor e silêncio, a família de Rayane Luiza Berger finalmente recebeu uma resposta da Justiça. O Tribunal do Júri de Vitória, condenou nesta quarta-feira (21), o médico Celso Luís Ramos Sampaio, a 27 anos e nove meses de prisão, em regime fechado, pelo feminicídio da pedagoga e miss pomerana de 23 anos, assassinada na zona rural de Santa Maria de Jetibá.
A sentença trouxe alívio e emoção para familiares e amigos da vítima, que acompanharam com dificuldade os desdobramentos do julgamento. O clima no Fórum Criminal de Vitória foi de forte comoção. Durante a leitura da sentença, a mãe da jovem, dona Clarice Berger, chorou copiosamente. A irmã de Rayane, Lohane, sofreu espasmos e precisou ser amparada.
“Foi um dia extremamente difícil para todos. O peso de quase uma década de espera explodiu ali, em lágrimas e tremores. Mas a justiça foi feita”, afirmou uma Neiva Costa de Farias, representante da assistente de acusação Clarice Berger.
A acusação sustentada pelo Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) foi acolhida integralmente pelo corpo de jurados. Segundo Neiva, a bancada de acusação apresentou provas contundentes que desmontaram a versão do réu, desmascarando uma tentativa de encobrir o crime como um acidente.
“Apresentamos um cenário robusto: ele premeditou a morte, dopou Rayane com alta dose de midazolam, simulou um acidente, forjou álibis. Tudo isso foi desmontado ponto a ponto com provas documentais, periciais e testemunhais. A verdade venceu, após anos de luta, a família Berger, pôde sair, enfim, desse velório que se arrastava há mais de nove anos”, afirmou a advogada.
Além da condenação à prisão, o Poder Judiciário determinou a prisão imediata do réu, a remessa dos autos ao Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES) para apuração de possível infração ética grave que pode resultar na cassação do diploma do médico, o bloqueio de bens e valores existentes em contas bancárias em nome do condenado, bem como a indenização de R$ 500 mil por danos morais à família da vítima.
O MPES, em nota, reafirmou o compromisso com a defesa da sociedade e dos direitos das mulheres, destacando que a condenação foi baseada na acusação de homicídio qualificado por motivo fútil, recurso que dificultou a defesa da vítima e situação de violência doméstica, configurando feminicídio.
Entenda o caso Rayane Berger
Rayane Luiza Berger foi encontrada morta no dia 7 de junho de 2015, em um carro submerso em um rio próximo ao distrito de Alto Rio Posmosser, na zona rural de Santa Maria de Jetibá. Inicialmente tratado como acidente, o caso foi posteriormente identificado como homicídio premeditado.
De acordo com as investigações, o médico Celso Luís Ramos Sampaio dopou Rayane com um medicamento de uso controlado, golpeou sua nuca com um objeto contundente e, em seguida, colocou seu corpo no veículo para simular um acidente automobilístico.
O local do descarte do corpo foi escolhido previamente pelo réu, que também visitou bares e restaurantes na tentativa de construir um álibi. Imagens de câmeras de segurança ajudaram a polícia a montar a cronologia dos acontecimentos.
O relacionamento entre a vítima e o acusado era conturbado, com relatos de separações e reconciliações frequentes. O MPES concluiu que uma das traições motivou Celso a planejar e executar o crime.