Prioridades do Brics no Brasil serão paz e meio ambiente, diz Lula
Publicado em 26/02/2025 às 14:55

Fotos: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta quarta-feira (26) que as ações dos países do Brics buscam reduzir as desigualdades nas relações internacionais. Segundo ele, as prioridades do Brasil na presidência do bloco servirão para avançar em pautas já amplamente debatidas, como a paz e a preservação ambiental, além de propor discussões sobre desafios emergentes, como a inteligência artificial.
“Neste momento de crise, nossa responsabilidade histórica é encontrar soluções construtivas e equilibradas”, afirmou. “O Brics continuará sendo um pilar fundamental para garantir o cumprimento dos objetivos da Agenda 2030, do Acordo de Paris e do Pacto para o Futuro. A presidência brasileira reforçará o papel do bloco como um espaço de diversidade e diálogo, promovendo um mundo multipolar com relações mais equilibradas”, acrescentou.
As declarações de Lula ocorreram durante a sessão da Primeira Reunião de Sherpas da Presidência Brasileira do Brics, grupo composto por 11 países, incluindo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O evento, realizado em Brasília, apresentou as prioridades do Brasil na liderança do bloco, que incluem:
- Cooperação em saúde global;
- Financiamento de ações para enfrentar as mudanças climáticas;
- Comércio, investimento e finanças;
- Uso de moedas locais em transações financeiras;
- Governança da inteligência artificial;
- Desenvolvimento institucional do Brics.

Desafios e prioridades
Para Lula, a cooperação na área da saúde é uma das maiores urgências do Sul Global. Ele anunciou a criação de um mecanismo de defesa sanitária mundial e ressaltou que experiências anteriores, como a pandemia de covid-19, devem servir de aprendizado para os países.
“A pobreza, a falta de o a serviços básicos e a exclusão social criam um terreno fértil para doenças como tuberculose, malária e dengue, que juntas ameaçam cerca de 1,7 bilhão de pessoas no mundo. Durante nossa presidência, pretendemos lançar uma parceria para a erradicação de doenças socialmente determinadas e doenças tropicais negligenciadas”, destacou.
O presidente também criticou a falta de consenso em torno do tratado sobre pandemias, mesmo após crises como a covid-19 e a mpox, e alertou sobre as consequências de enfraquecer a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Além da saúde, Lula abordou a importância do uso de moedas locais em operações comerciais e financeiras dentro do Brics. O objetivo é reduzir custos e fortalecer as economias dos países em desenvolvimento.
“O crescimento do protecionismo no comércio e nos investimentos reforça a necessidade de medidas para superar barreiras à integração econômica. Expandir as opções de pagamento significa reduzir vulnerabilidades e custos. Nossa presidência está comprometida com o desenvolvimento de plataformas de pagamento complementares, voluntárias, íveis, transparentes e seguras”, garantiu.
O presidente também enfatizou que, apesar das oportunidades oferecidas pela inteligência artificial, a tecnologia apresenta desafios éticos, sociais e econômicos. Por isso, o Brasil está propondo a Declaração de Líderes sobre Governança da Inteligência Artificial para o Desenvolvimento.
“Essa tecnologia não pode ser monopólio de poucos países e empresas. Grandes corporações não têm o direito de silenciar e desestabilizar nações inteiras por meio da desinformação. Mitigar riscos e distribuir benefícios da revolução digital é uma responsabilidade compartilhada”, afirmou Lula.
Para ele, o Brics deve liderar a discussão sobre uma governança justa e equitativa da inteligência artificial sob o amparo da ONU. “O desenvolvimento econômico hoje a necessariamente pela inteligência artificial. Não podemos permitir que sua distribuição desigual marginalize o Sul Global”, alertou.

Negociações e encontros
Os sherpas são negociadores designados pelos países do Brics para conduzir as discussões que culminarão na Cúpula de Líderes, prevista para os dias 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro. A reunião foi presidida pelo embaixador Mauricio Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores e representante do Brasil no Brics.
Na sessão especial com o presidente Lula, estiveram presentes representantes dos países-membros do Brics — Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã — além de embaixadores de nações parceiras como Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão.
Fonte: Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil